Desembargador aceita pedido de habeas corpus e manda soltar cantor Belo
O cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, foi preso pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e foi levado para a Polinter, na Zona Norte, na quarta (17).
O desembargador Milton Fernandes de Souza aceitou o pedido de habeas corpus da defesa do cantor Belo e mandou expedir um alvará de soltura no início da madrugada desta quinta-feira (18). A decisão saiu por volta da 1h20.
O cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, foi preso pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e foi levado para a Polinter, na Zona Norte, na quarta (17).
"Até agora eu não entendi o que eu fiz para estar passando por essa situação. Quero saber qual o crime que eu cometi. Subi no palco e cantei", afirmou, ao sair da Cidade da Polícia, onde prestou depoimento.
"Minha empresa recebeu o dinheiro. CNPJ com CNPJ", acrescentou, após ser questionado de quem recebeu o pagamento pelo show. "Se eu não posso cantar para o público, a minha vida acabou", afirmou ainda o cantor ao deixar o local.
O artista, dois produtores e um traficante são investigados pela realização de um show no sábado (13), no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. Segundo a polícia, eles violaram um decreto municipal que proibiu aglomerações no carnaval e contribuíram com a disseminação do coronavírus, colocando em risco a vida de centenas de pessoas.
Em nota, Belo e sua família afirmaram estar surpresos com a prisão preventiva do cantor. No texto, ele pede desculpas pelo show, mas questiona a decisão da Justiça. “Ciente da gravidade da crise sanitária, Belo pede desculpas por ter se apresentado em uma aglomeração”, diz a nota.
Ele argumenta que o show foi legalmente contratado pela produtora Série Gold e questiona o fato de eventos culturais em outras regiões da cidade não terem sido alvo de investigação. Na nota, ele também questiona o fato de a prisão ter ocorrido após parecer contrário do Ministério Público (MP).
Como o show foi realizado em uma escola estadual do Parque União e não teve autorização das autoridades de Saúde, a polícia também investiga a invasão ao colégio. Segundo investigadores, as salas de aula do Ciep 326 – Professor César Pernetta – foram utilizadas como camarotes.
Segundo a polícia, Belo e os demais investigados vão responder por quatro crimes: infração de medida sanitária, crime de epidemia, invasão de prédio público e associação criminosa.
'É o que eu mereço'
A operação se chama "É o que eu mereço", em referência a uma das músicas do cantor, que chegou à DCOD por volta das 15h30 desta quarta.
A mulher de Belo, Gracyanne Barbosa, visitou o marido na Cidade da Polícia. A modelo falou sobre o caso em um texto publicado no Instagram. Ela argumentou que o marido "chega pela porta de trás nos locais de shows, vai direto ao camarim e entra no palco".
Gracyanne também afirmou que o cantor cumpre normas e testa a equipe contra a Covid-19. "Ele se preocupa com aglomerações e sempre reivindica quando se burla alguma regra deixando ele ou seus fãs em risco", escreveu.
Quatro mandados de prisão
Após ter aberto inquérito para apurar as circunstâncias do show de Belo na Maré, a DCOD cumpriu nesta quarta quatro mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão.
Uma das buscas foi na sede da produtora Série Gold, organizadora do evento, onde foram apreendidos equipamentos, a aparelhagem de som, documentos e veículos. Na casa de Belo, foram apreendidos dinheiro e duas pistolas. Na delegacia, foi constatado que as armas estavam registradas no nome do cantor e a polícia considerou a posse legal.
Em toda operação, foram apreendidos R$ 40 mil e 3,5 mil euros - o equivalente a R$ 22,8 mil. Também foram recolhidos computadores e outros pertences na casa de Belo, na Barra da Tijuca.
Os quatro mandados de prisão preventiva foram contra:
- Marcelo Pires Vieira, o Belo, cantor – preso em Angra dos Reis, na Costa Verde;
- Célio Caetano, sócio da produtora – preso em Macaé;
- Henriques Marques, o Rick, também sócio da produtora – preso no Rio;
- e Jorge Luiz Moura Barbosa, o Alvarenga, chefe do tráfico no Parque União – não havia sido detido até a última atualização desta reportagem.
A festa
As imagens do show de Belo circularam pelas redes sociais. Fãs postaram vídeos em cima do palco na hora da apresentação na escola na Maré, onde era possível ver uma grande aglomeração. Imagens do Globocop também mostraram a quadra lotada diante de um palco com luzes e amplificadores de som (veja abaixo).
O que disse Belo sobre a investigação
Na época da abertura da investigação, o cantor disse à TV Globo: "Fizemos o show seguindo todos os protocolos. Não temos controle do geral. Isso nem os governantes têm. As praias estão lotadas, transportes públicos, e só quem sofre as consequências são os artistas. Que foi o primeiro segmento a parar, e até agora não temos apoio de ninguém sobre a nossa retomada. Sustentamos mais de 50 famílias".
Outras prisões de Belo
Belo já foi preso em outras duas ocasiões. O músico foi condenado no dia 30 de dezembro de 2002 a seis anos de prisão, acusado de associação para o tráfico depois de, segundo a polícia, negociar drogas e armas pelo telefone com um traficante. Na ocasião, ficou preso por cerca de um mês e conseguiu, após entrar com um recurso, o direito de responder em liberdade.
O Ministério Público recorreu da decisão e a 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio aumentou a pena do cantor para oito anos. Belo foi preso novamente em novembro de 2004. Ele estava escondido dentro de casa, na Zona Oeste do Rio. Desta vez, passou três anos e oito meses na cadeia.
Click Pb/G1
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