EDITORIAL: E se Lucia se tornar um João Azevedo?
Por expresso PB
A política é como tempo. Nem todas as previsões se concretizam, justamente porque ele [o tempo] é dinâmico, assim como a política. Em Marí, de cada nove entre dez perguntas uma se repete: já há incêndio entre o atual ‘inquilino’ da prefeitura e a próxima mandatária do poder? Ao certo ninguém pode responder, mas até onde a vista alcança há algo de diferente entre quem está pra sair e quem está pra entrar.
O jornalista, filósofo e pesquisador do comportamento humano, Jacob Petry em seu livro “Poder e Manipulação”, obra que analisa os escritos de Maquiavel, afirma que “ao assumir o poder, o líder terá como adversários todos os seus inimigos naturais, e também os que ali o colocaram.”. Isso se dá porque os que ali o colocaram, o fizeram por interesses próprios, cada um com os seus.
Em linhas gerais, ao observar pelo que a mídia digital veiculou nas últimas horas, Lúcia de Fátima parece trilhar os mesmos caminhos que o atual Governador João Azevedo trilhou lá em 2018 em relação ao seu padrinho político Ricardo Coutinho.
Naquele episódio político, João cercou-se de pessoas de sua total confiança, desagradando Ricardo, fez suas escolhas técnicas e pontuais e se impôs como governador legitimamente eleito. João não escanteou nenhum fiel aliado de Ricardo, até porque votaram nele, mas manteve-se a distância.
O governador recém-empossado foi esperto o suficiente para entender que se não se distanciasse de Coutinho e de ‘seus homens de confiança’ poderia ser alcançado pela Calvário [operação da PF que acabou prendendo Ricardo e seus mais próximos auxiliares]. Qualquer semelhança é pura coincidência, mas cautela e canja de galinha é coisa que ninguém rejeita.
Voltemos então a Jacob, para entender que “um príncipe [líder] sábio, não pode apenas ocupar-se com o presente… ele precisa ter habilidade de prever circunstâncias futuras”, e pelo que parece a prefeita eleita não pretende entregar seu futuro político, pessoal e administrativo 100% a seu padrinho político.
Calma!!!! Vale lembrar que ‘gente de poder’ não costuma revelar seus verdadeiros pensamentos, portanto, não se sabe as reais intenções de Lúcia e nem as do atual ‘inquilino’ da prefeitura. Tudo o que está se observando são movimentos lentos, quase imperceptível que provoca ainda mais curiosidade em quem acompanha a cena política e as analisa não como personagem do processo, mas como um mero observador que está na plateia a assistir os passes de quem está em campo a jogar.
Retornemos então a João, que inclusive é governador pelo mesmo partido de Lucia. Cauteloso, dissimulado e estratégico, aos poucos Azevedo foi se tornando a maior liderança politica da Paraíba, se reelegendo em 22 sem Coutinho, derrotando toda a oposição e agora com passaporte para chegar a Casa Magna da República em 26, o Senado Federal, superando Ricardo Coutinho em todos os sentidos, algo inimaginável até aquela eleição de 2018.
Ressalve-se que não foi João que rompeu com Ricardo, foi Ricardo que rompeu com o governador por não aceitar que ele construísse seu governo no seu estilo próprio.
Ninguém está prevendo nada, até porque a história não se repete da mesma maneira, nem forma. Outrossim, Lúcia tem um longo caminho a percorrer até se consolidar prefeita: superar as ações na justiça eleitoral; acomodar com cargos e empregos os que ali lhe colocaram e administrar uma população totalmente dividida, sem falar que deve enfrentar, diferente de seu padrinho político, uma oposição muito mais forte e preparada.
Não será tarefa fácil, se conseguir vencer todas se tornará o João Azevedo de saias em Marí. É apostar pra ver.
Editorial/ExpressoPB – 16/11/2024
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