Decreto de Luto Tardio: Prefeitura de Marí tenta remediar silêncio após críticas, mas ofende a inteligência da população
Somente após a repercussão da matéria publicada pelo Portal ExpressoPB.net, contendo críticas a gestão municipal por seu silêncio diante da morte de Mestre Miro do Babau, a Prefeitura de Marí resolveu se pronunciar sobre o falecimento do ícone cultural. No final da tarde de hoje (03), a administração municipal publicou em seu perfil no Instagram um decreto de luto oficial pela morte de Miro, datado de 30 de novembro. Entretanto, o decreto parece mais uma tentativa de apagar o erro do que uma homenagem sincera, pois até então ninguém tinha conhecimento do documento, e nenhuma rede social da Prefeitura havia registrado sua existência na data indicada.
O gesto tardio e mal calculado não só escancara a insensibilidade da gestão com uma figura histórica da cultura mariense, como também parece brincar com a inteligência da população. Publicar um decreto de luto dias após a morte de Miro, e ainda tentar retroagir a data, é uma atitude que soa como uma tentativa desesperada de escapar das críticas. Um pedido de desculpas à família e à população teria sido muito mais honesto do que esse artifício inverossímil.
Insensibilidade cultural e falta de respeito
Miro do Babau, falecido no último sábado, foi um dos maiores representantes do teatro de bonecos na Paraíba, um patrimônio vivo que levou o nome de Marí para além das fronteiras do estado. Apesar de sua importância, a Prefeitura e sua Secretaria de Cultura ignoraram completamente sua morte, não emitindo nenhuma nota de pesar ou reconhecimento oficial. O velório não aconteceu em um espaço público, e não houve representantes da administração no cortejo fúnebre.
Somente quando a crítica tomou as redes sociais e ganhou destaque na imprensa, a gestão decidiu agir. A publicação do decreto de luto, além de tardia, carrega a data de 30 de novembro, em uma tentativa de encobrir o erro. A ausência de qualquer registro prévio dessa publicação no período sugerido revela o desleixo e a falta de cuidado com a memória de um dos maiores artistas populares do município. A tentativa de remediar a situação com um documento retroativo, sem sequer incluir um pedido de desculpas, é um tapa na cara dos familiares de Miro e de todos que reconhecem sua importância para a cultura local e paraibana.
A gestão municipal perdeu a oportunidade de demonstrar empatia e respeito, reforçando a percepção de descaso com a cultura mariense. Se as críticas não tivessem ganhado repercussão, é provável que o silêncio teria sido a única resposta oficial da administração.
Miro do Babau foi um brincante, mas a cultura que ele representava não deve ser tratada com leviandade. A gestão municipal não só falhou em reconhecer sua relevância como artista, mas também desrespeitou a inteligência da população ao tentar mascarar sua omissão com um decreto publicado tarde demais.
Em vez de brincar com a memória de Miro, a Prefeitura deveria refletir sobre como está tratando aqueles que constroem a identidade cultural de Marí. A cultura merece ser celebrada, não ignorada.
Redação/ExpressoPB
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