CPI ouve nesta quarta ex-diretor do Ministério da Saúde acusado de pedir propina em negociações de vacinas

A denúncia foi feita pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, com sede nos Estados Unidos.
A CPI da Covid ouvirá nesta quarta-feira o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias (Foto: Reprodução)

 


A CPI da Covid ouvirá nesta quarta-feira o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, exonerado logo após se tornar pública a denúncia de que teria pedido propina para autorizar a compra da vacina AstraZeneca pelo governo federal. Ele nega a acusação.

A denúncia foi feita pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, com sede nos Estados Unidos. Em depoimento à CPI, ele afirmou ter recebido um pedido de propina para a compra de 400 milhões de doses do imunizante. Segundo Dominghetti, Dias teria cobrado US$ 1 por dose.

Apontado como indicação do deputado Ricardo Barros (PP-PR) e do ex-deputado Abelardo Lupion, Dias é considerado peça-chave para desvendar detalhes de denúncias dos dois supostos esquemas de propina na compra de vacina pelo Ministério da Saúde, envolvendo as doses da AstraZeneca oferecidas por Luiz Dominghetti e a indiana Covaxin, produzida pela Bharat Biotech, o imunizante mais caro negociado pelo governo até agora.

As negociações para aquisição da Covaxin são investigadas pela CPI da Covid, pelo Ministério Público Federal, pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Além de ouvir Dias, a CPI da Covid deve votar nesta quarta 60 requerimentos -- entre eles o de convocação de Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro. O pedido é assinado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão. 

Em uma gravação divulgada pelo site UOL, Andrea acusa Bolsonaro de envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos conhecido como “rachadinha” quando foi deputado. O advogado Frederick Wassef, que representa o presidente, nega as acusações

No requerimento, Renan afirma que "a pessoa convocada tem ligação direta com suspeitas de crimes investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, envolvendo o presidente da República e seus filhos. Além disso e intimamente ligadas ao objeto desta CPI, há notícias de que as indicações de ocupantes para posições, cargos e funções estratégicos no Ministério da Saúde e outras posições no combate à pandemia seriam feitas pelo presidente da República, por seus filhos e pessoas próximas a eles, em sua maioria, por meio da senhora Andrea Siqueira Valle”.

Outro requerimento formulado pelo relator pede à Receita Federal "todos os dados cadastrais, inclusive participações societárias nos últimos dez anos e gráficos de relacionamentos, com as respectivas cópias da documentação" de uma série de pessoas e empresas, entre elas Francisco Maximiano, Frederick Wassef, Ricardo Barros, Global Gestão em Saúde e Precisa.

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou ainda um requerimento para que o Ministério da Saúde informe todos os registros de entrada de Luiz Paulo Dominguetti e do reverendo Amilton Gomes da Paula ao longo de 2021. O religioso, que também é alvo de um pedido de convocação, recebeu aval da pasta para negociar a compra de 400 mil doses da AstraZeneca com a empresa Davati.

Os senadores também apreciarão o requerimento de convocação, apresentado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni. A CPI também pode votar a quebra dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático de Ricardo Barros, líder do Governo na Câmara. O nome dele teria sido citado pelo presidente Jair Bolsonaro em um suposto esquema de corrupção para a compra da vacina Covaxin.

Por Click PB

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